Mesmo com um mercado ainda com sinais de fraqueza, as montadoras de veículos reafirmam sua aposta no Brasil: levantamento exclusivo de Automotive Business aponta que os investimentos no País somam o equivalente a R$ 40 bilhões, considerando apenas aqueles que ainda estão em curso e eliminando aqueles encerrados em 2016.
Este total está dividido entre 14 empresas tanto as de veículos leves como de pesados. Só nos últimos quatro meses do ano passado um total de R$ 2,6 bilhões foram anunciados por fabricantes já instaladas no País.
Este valor inclui três diferentes aportes: os US$ 155 milhões (equivalentes a R$ 500 milhões) divulgados em setembro passado pelo presidente da Hyundai no Brasil, William Lee. Segundo o executivo, deste total, US$ 130 milhões foram destinados à ampliação da capacidade produtiva da fábrica de Piracicaba (SP), onde já é feito o HB20 e que passou a produzir o novo SUV Creta no fim de 2016. Os demais US$ 25 milhões serão aplicados para a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento no mesmo complexo industrial do interior paulista focado em motores.
Por sua vez, a Volkswagen Truck & Bus, holding de veículos comerciais pesados do Grupo Volkswagen, também anunciou em dezembro passado R$ 1,5 bilhão até 2021, o maior já realizado pela companhia no País: os quatro anteriores foram cada um de R$ 1 bilhão. A empresa prevê em seu novo plano a ampliação de portfólio, a inserção de mais tecnologias e o aumento da internacionalização da VWCO. Além disso, também está no radar da montadora a elevação do porcentual de componentes comuns entre os veículos das marcas MAN, Volkswagen e Scania, dos atuais 7% para 9%. Além disso, a Scania revelou em janeiro de 2017 outros R$ 2,6 bilhões até 2020 no Brasil, mas não detalhou os projetos.
Já a Toyota declarou em novembro de 2016 novos R$ 600 milhões para finalmente produzir no Brasil o motor do Corolla. A fábrica de Porto Feliz (SP), também responsável pela fabricação dos motores 1.3 e 1.5 do Etios, prevê uma nova linha de montagem a partir do segundo semestre de 2019 com volume estimado em 66 mil unidades do motor do sedã por ano, o que amplia sua capacidade atual de 108 mil para 174 mil/ano.
Embora não se trate de um novo investimento, a Volkswagen atualizou seus planos em curso no País: o CEO e presidente da operação no Brasil, América do Sul e Caribe, David Powels, aproveitou o Salão do Automóvel de São Paulo, realizado em novembro passado, para confirmar R$ 7 bilhões até 2020, principalmente para uma nova família de veículos a partir da plataforma MQB. Este ciclo se sobrepõe ao anterior, de R$ 10 bilhões que era previsto entre 2014 e 2018.
O Grupo Volvo também reforçará suas operações com o investimento de R$ 1 bilhão entre 2017 e 2019 na América Latina, sendo 90% deste montante no Brasil, principalmente na fábrica de caminhões e ônibus de Curitiba (PR). O aporte contemplará também a expansão de oferta de serviços e a ampliação da rede de distribuição no Chile.
Investimentos: ciclos começam e terminam com o novo ano
Enquanto alguns investimentos começaram em 2016, outros encerraram seu ciclo, caso dos R$ 15 bilhões da FCA Fiat Chrysler, que teve início em 2011 e que empregou R$ 7 bilhões na atualização da fábrica mineira de Betim e outros R$ 7 bilhões na planta pernambucana em Goiana, além de outros projetos ao longo deste período, como lançamentos dos modelos Fiat Mobi e Toro e Jeep Compass. Agora, por questão de governança, a empresa informa que vão vai mais divulgar valores de investimentos de longo prazo.
Também encerrou no ano passado os R$ 650 milhões da Iveco, que ainda não tem os valores passíveis de divulgação para este ano em diante. Por sua vez, a Volare, fabricante de ônibus e que pertence à Marcopolo, tinha previsto R$ 100 milhões entre 2015 e 2016 para ampliar a fábrica de São Mateus (ES) e localizar componentes, mas suspendeu o aporte alegando a baixa demanda do mercado nacional.
Segue nos planos da Foton erguer sua fábrica de caminhões no Brasil. De acordo com o diretor comercial, Ricardo Mendonça de Barros, a filial da montadora chinesa está analisando o cenário para definir como será a planta e quando sobre sua conclusão. Ele garante que já estão finalizadas as etapas de fundação, terraplanagem e os projetos da construção predial.
“Por conta da baixa no mercado em volume, estamos revendo nossos números: em um mercado total de 50 mil unidades no total, imaginamos uma participação entre 4 a 6% nos segmentos em que a Foton participa. Devemos manter o investimento total de R$ 160 milhões”, afirma.