No Brasil, consumidor paga por ineficiência da indústria automotiva

Para Infor, falta inovação desde a produção até a experiência do cliente

177

O consumidor paga a conta 

consumidorAs oportunidades de inovar na indústria brasileira são vastas, com possibilidades que vão da cadeia de fornecedores, passam pela produção e chegam até a ponta, na experiência do consumidor. Esta é a visão de Gabriel Lobistsky, diretor de vendas para a América Latina da Infor Enterprise Software Solutions, empresa que oferece consultoria e soluções digitais para melhorar processos. “Temos um desafio muito grande no Brasil não só por causa da tecnologia, mas por questões de legislação ultrapassada também”, avalia, citando as regras trabalhistas, por exemplo, que na visão dele engessam a atuação das companhias.

Desafio das fábricas antigas

O executivo aponta que, somado a este fator, há o desafio das fábricas antigas e muitas vezes defasadas principalmente na cadeia de fornecedores. “É impossível garantir 100% de aproveitamento da produção desta maneira. No fim, quem paga pela ineficiência é o consumidor”, enfatiza. Lobistsky destaca que é essencial trabalhar a inovação localmente com a implementação de recursos da Indústria 4.0, que engloba fábricas digitais, conectadas e altamente automatizadas, que trabalham com base em Big Data e Internet das Coisas. “A parte mais difícil nós já temos, que é o parque fabril grande e estruturado. Precisamos agora de mais tecnologia para fazer melhor uso dele.”

Melhorar a experiência do consumidor

O executivo reforça que outra ação essencial é melhorar a experiência do consumidor. “No Brasil ainda resistimos muito às vendas no meio digital. O cliente jovem não quer ir até a concessionária e sentar em uma cadeira para que o vendedor conduza ele em uma experiência. A geração Y prefere ela mesma pilotar as próprias experiências”, destaca. Em resumo, Lobistsky avalia que o cliente quer ter mais controle sobre a sua compra.

Um dos meios para isso é oferecer possibilidade maior de personalização. “Trabalhamos com a Ferrari com a oferta de um aplicativo em que o cliente acompanha todo o processo produtivo do carro, sabe quem fez o motor de seu veículo e pode compartilhar cada etapa nas redes sociais. O desafio é levar isso para fora do mercado de luxo de alguma maneira”, diz.

Dificuldade para inovar não é exclusiva do Brasil

Segundo Lobistsky, a dificuldade para inovar não é exclusiva do Brasil, mas algo recorrente em nações emergentes. “Estes países enfrentam bem mais barreiras. Tem também a questão de esperar para ver se dá certo lá fora, nas matrizes, antes de ousar localmente”, aponta. Ainda assim, ele diz que, com evolução tão rápida da tecnologia e da relação com o consumidor em mercados maduros, o avanço será inevitável até mesmo nos emergentes, ainda que aconteça com algum atraso.