Pedro Nelson Belmiro
Pedro Nelson A. Belmiro é Coordenador da Comissão de Lubrificantes do IBP, Co-autor do livro Lubrificantes e Lubrificação Industrial e Editor da revista lubes em Foco.
Um paradoxo interessante e, até certo ponto, um tanto perverso também, se apresenta no mercado brasileiro de lubrificantes.
Acompanhamos a inovação tecnológica dos mercados mais desenvolvidos, e os lançamentos seguem os critérios de melhor desempenho para equipamentos de ponta.
Entretanto, com o terceiro ano de queda de volume, inflação em alta e margens comprimidas, os empresários do setor enfrentam situações difíceis e, por vezes, desesperadoras, em busca da sobrevivência de suas empresas.
A queda da produção industrial, a retração da indústria automotiva e o aumento dos custos de produção criam um ambiente de tensão entre produtores, perturbando as melhores projeções de investimento e qualquer perspectiva de crescimento.
A Qualidade volta à cena, e as exigências se reforçam com a fiscalização, enquanto o controle dos números de mercado se debate entre o ideal de um sistema que harmonizaria todos os segmentos produtivos e as dificuldades de adaptação dos agentes de um mercado ainda cheio de imperfeições fiscais, comerciais e jurídicas.
Paradoxo básico
Na base do setor, o paradoxo é sentido, quando a exigência por óleos básicos de melhor qualidade, como os grupos II e III, encontram preços mais baratos, devido à equiparação internacional, que congrega uma ampliação da capacidade de produção de básicos com a fraqueza dos preços globais do petróleo.
O mercado brasileiro de lubrificantes voltou ao volume comercializado em 2009, acumulando perdas de mais de 20%, com um sacrifício quase (que) vital de pequenos empresários e redução significativa de lucratividade dos grandes players. Nesse mesmo período, aumentou o consumo de sintéticos, foram lançadas novas classificações API e ACEA e até linha de óleos 0W-XX.
Equilíbrio é fundamental
Sabemos que todo movimento mercadológico segue um perfil senoidal e que certamente veremos, em futuro próximo, uma recuperação e a volta ao crescimento. Os ajustes nos controles serão feitos, o conhecimento e a tecnologia caminharão de braços dados para um horizonte promissor, e o consumidor poderá um dia voltar a escolher o melhor para seu equipamento, independentemente de ser o mais barato.
Cabe ao empresário nacional a árdua tarefa de conseguir manter-se de pé e ativo para surfar com velocidade na próxima onda que trará de volta o volume perdido nesses últimos anos.