Após quatro anos consecutivos de queda no faturamento, a indústria de máquinas e equipamentos, representada pela Abimaq, prevê crescimento de 5% na receita líquida neste ano, em um cenário otimista. A projeção foi dada pelo presidente executivo da entidade, José Velloso, em coletiva após a divulgação do desempenho em 2016.
Segundo Velloso, a mesmo proporção de crescimento pode ser esperada para o consumo aparente, que mede as vendas no mercado interno e as importações. Ele pondera, no entanto, que isso não representa uma retomada significativa. “Hoje, somos, em termos de receita, 50% do que fomos em 2013”, disse, destacando que uma expansão dessa ordem não compensa a queda dos últimos anos.
As melhores expectativas se concentram no segmento de máquinas agrícolas, com previsão de alta de 15% no faturamento. Bens de capital para infraestrutura e para a indústria de óleo e gás, destaca, estão entre as mais impactadas.
Nem mesmo a expectativa de leilões de infraestrutura neste ano traz alívio às projeções da entidade. Isso porque a Abimaq não espera que certames como o dos quatro aeroportos marcados para março, no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), resultem em encomendas de máquinas novas antes de 2018.
Apenas no ano passado, os fabricantes de bens de capital mecânicos sofreram com uma queda de 24,3% na comparação com 2015 a receita líquida total somou R$ 66,25 bilhões. Em dezembro, a redução foi de 6,6% na comparação anual, para R$ 5,2 bilhões.
O valor apresentado ontem representa o pior desempenho anual do setor registrado na série histórica, que tem início em 1999. A pior marca era de 2003.
Abimaq aponta lentidão de investimentos no setor
As projeções não tão otimistas se devem à expectativa de que o setor de máquinas seja um dos últimos a voltar a crescer, “por causa do elevado nível de capacidade ociosa da indústria em geral, o que tende a adiar novos investimentos”. Apenas a base associada da Abimaq operou, em 2016, com uma média de 66,4% de utilização da capacidade instalada, 2,1 pontos percentuais abaixo da média de 2015 e desempenho próximo aos menores patamares da série.
O déficit do setor foi reduzido em 29% no ano passado. Apesar da possível notícia boa, isso é devido à redução das importações e não a um aumento das vendas no mercado externo. As exportações sofreram uma redução de 2,9%, para R$ US$ 7,79 bilhões, enquanto as importações caíram 18% no ano passado, para US$ 15,43 bilhões.
O nível de emprego nessa indústria também não passou incólume por mais um ano de queda. A redução foi de 9,5% nos postos de trabalho, para uma média de 304,67 mil pessoas empregados em 2016.
(Valor Econômico – por Victória Mantoan)