Opep favorece Petrobras
A decisão da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) de reduzir a produção para forçar o aumento do preço da commodity vai depender do reflexo e da aceitação da medida no mercado internacional. A conclusão é do professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ernani Torres, para quem a chance de sucesso na elevação do preço seria de 50% a 50%, “porque não adianta armar o jogo e achar que vai levar”.
O professor lembrou que nos anos 80 a Arábia Saudita inundou o mundo de petróleo para dominar e botar ordem no mercado, e o efeito que se esperava, de destruir boa parte da produção nova de cana-de-açúcar, foi muito abaixo do esperado e a iniciativa foi um fracasso.
“Botar ordem no cartel, na hora em que muitos países estão quebrados – como é o caso da Venezuela e do Irã, que é um pouco diferente – é muito difícil. A possibilidade de isso dar certo vai depender do bedel, ou seja, da capacidade que se tenha de subordinar os outros a uma regra comum, e isso não é fácil. Isso se mostrou muito difícil nos anos 1980”, afirmou Ernani Torres.
Para o especialista em economia internacional, o Brasil produtor de petróleo. Portanto, está interessado no que acontece na Opep, a despeito de não participar das decisões. Se a entidade tiver sorte em conseguir a elevação do preço, tanto para o Brasil, como para o estado do Rio de Janeiro e para a Petrobras, o resultado será positivo. Mas se isso não acontecer, a situação brasileira se agrava.
Reação
Em sua avaliação, se a medida funcionar, em um primeiro momento, tendo em vista a crise que o país atravessa, o efeito será benéfico. “Acho que a bolsa subiria, a receita do governo aumentaria. Então, seria positivo. Entretanto, se não der certo, eventualmente, o preço pode cair e chegar até US$ 30 [o barril], e complicaria um pouco mais a situação brasileira do que está hoje. Mas também, isso não resolve a situação do Brasil e nem melhora demais a situação que a gente está vivendo.”
O mercado age rápido
De acordo com o professor, o mercado age rápido, e pode haver uma reação de preço em um primeiro momento, mas com o passar do tempo – em duas ou três semanas, ou até meses – nada acontecer. “Não há uma previsibilidade muito clara do que pode acontecer, porque as pessoas reagem cada um à sua maneira. É muito difícil saber como cada uma vai reagir. Acho que se levantar um pouco o preço, de maneira sustentável, e ficar na faixa de US$ 50 ou US$ 60, já será um sucesso”, no seu entender.
Ele ressalta, entretanto, que é necessário obsevar o comportamento do mercado em um espaço de três a seis meses, para dizer se funcionou. “Antes disso é muito cedo”.
Em resposta a questionamento da Agência Brasil, a Petrobras informou que não mudará sua estratégia de produção prevista no Plano de Negócios e Gestão.