ANFAVEA ainda espera por fortes altas de produção nos últimos dois meses
de 2016 para atingir a projeção da entidade, que insiste na expectativa de quase 2,3 milhões de veículos produzidos este ano, em baixa de 5,5% sobre 2015. O ritmo das fábricas até agora, no entanto, desmente essa estimativa.
De janeiro a outubro foram produzidas 1,74 milhão de unidades, em baixa de 17,7% ante o mesmo período do ano passado. Para chegar ao número da ANFAVEA, seria necessário fabricar mais 560 mil, ou 280 mil em cada um dos dois meses que faltam para o fim de 2016. Parece inverossímil, já que em nenhum mês deste ano as fabricantes sequer chegaram a 200 mil veículos montados.
Opinião do presidente da entidade
Antonio Megale, presidente da entidade, avalia que novembro será um mês importante para a produção: “Devemos alcançar número até superior ao do mesmo mês do ano passado (175,1 mil), porque duas associadas que tiveram problemas com fornecimento de peças devem retomar o ritmo com mais força, e todos os fabricantes dizem que vão intensificar esforços para atender aumento da demanda de exportações e também do mercado interno, que deve começar a mostrar algum aquecimento e refletir na prática os indicadores que apontam para o aumento da confiança do consumidor”, pondera.
Em outubro, já houve ligeira alta de 2,3% na produção sobre setembro, com 174,1 mil unidades montadas, mas na comparação com o mesmo mês de 2015 o índice segue acentuadamente negativo em 15,1%.
Mas não houve aumento de estoques, que caíram de 212,5 mil veículos em setembro para 209,2 mil em outubro, o suficiente para 40 dias de vendas. “É um volume adequado”, considerou Megale.
Emprego
Uma incógnita que se coloca no horizonte é a real capacidade de recuperação da produção, tendo em vista que os fornecedores e as montadoras reduziram bastante o quadro de funcionários nos últimos dois anos, assim talvez não tenham fôlego para elevar o ritmo se o aquecimento vier. De outubro de 2015 para 2016, os fabricantes de veículos fecharam 9.170 vagas, baixando em 7% o efetivo, de 132.848 para 123.678 empregados (somando montadoras de veículos e de máquinas agrícolas e rodoviárias).
Megale destaca, no entanto, que já houve uma redução no número de empregados afastados de seus postos de trabalho: 2,4 mil estão em layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) e 5,3 mil em regime de redução de horas e salários, dentro do Programa de Proteção ao Emprego (PPE). “Este número já foi maior e agora se estabilizou”, disse.