VWCO cresce menos, mas prevê desempenho melhor

Recuperação da economia deve aquecer todos os segmentos do mercado de caminhões

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Vendas da Volkswagen Caminhões
Novo Delivery, lançado no fim de 2017, é responsável por metade das vendas da VWCO

Vendas da Volkswagen Caminhões

No primeiro trimestre do ano as vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) avançaram em ritmo mais lento que o do mercado (expansão de 21,2% contra a média de quase 50%). Com isso, a fabricante perdeu 5,2 pontos de participação, mas se manteve como segunda marca de caminhão mais vendida do País, com market share de 23,7%. Ainda assim, ao menos por enquanto, não há motivos para lamentações. Segundo projeta o vice-presidente de vendas e marketing Ricardo Alouche, o desempenho deve melhorar nos próximos meses, conforme a economia também crescer e aquecer os segmentos de mercado onde a VWCO tem maior atuação.

Estamos indo bem. O cenário em 2019 é melhor, como prevíamos. Ficamos um pouco abaixo do que desejamos no início do ano, mas sustentamos e até ganhamos participação nos segmentos em que atuamos mais fortemente, contudo esses cresceram menos que o de caminhões extrapesados, onde só temos dois produtos. Já vemos aquecimento em outros segmentos e o nosso desempenho deve melhorar nos próximos mesesRicardo Alouche - vice-presidente de vendas e marketing

Defasagem de preços

O que mais incomoda, diz Alouche, não é a participação de mercado, mas a defasagem de preços, que ele calcula estar de 15% a 20%, dependendo do modelo de caminhão. Os reajustes aplicados, na média de 5% este ano e porcentuais parecidos nos trimestres anteriores, não foram suficientes para compensar a alta nos custos de produção. “Por causa dessa defasagem ainda não temos uma situação confortável, mas com a tendência de aquecimento do mercado este ano deve ser muito bom”, afirma.

3 dos 5 modelos de caminhões mais vendidos

O executivo destaca que a VWCO tem três dos cinco modelos de caminhões mais vendidos no Brasil: os leves Delivery 11.180 (2º) e 9.170 (4º) e o semipesado Constellation 24.280 (5º). “No segmento do Delivery, de caminhões leves de 6 a 11 toneladas (de peso bruto total), temos 48,5% de participação. Entre os pesados até 420 cavalos a linha Constellation domina 40% das vendas. Se somar os segmentos em que temos maior penetração nossa média é de 30% de market share. Mas na fatia de mercado dos extrapesados acima de 420 cavalos, que cresceu 70% no primeiro trimestre e hoje corresponde a 43% das vendas, só temos dois modelos, os MAN TGX 6×2 e 6×4, e perdemos participação por falta de produtos”, explica.

Foco em mais extrapesados e leves

Alouche aponta que as vendas de cavalos mecânicos extrapesados já estão iguais ao nível de 2011, até hoje o melhor ano do mercado brasileiro de caminhões, com quase 173 mil unidades vendidas. “Diziam que seria muito difícil atingir esse patamar novamente, pois no segmento de extrapesados isso já acontece este ano”, analisa. A VWCO teve dificuldade para atender essa forte demanda porque não é possível aumentar tão rápido a produção dos MAN TGX em Resende (RJ), pois o modelo ainda depende de muitos componentes importados.

“Esses modelos já têm nacionalização de 60%, mas quando projetamos a produção para 2019, ainda em meados de 2018, não se esperava todos esse crescimento do segmento. O que estamos fazendo agora para atender a demanda é aumentar a importação de kits do TGX e nossa engenharia está trabalhando muito na localização de mais peças, porque o mercado tem altos e baixos e temos de nos adaptar mais rapidamente a esses movimentos para aproveitar as oportunidades”, conta Alouche.

Delivery

Já o desempenho do Delivery vem superando as expectativas, segundo Alouche. O modelo que trafega entre os segmentos de semileves, leves e médios foi responsável por mais da metade das vendas da VWCO no primeiro trimestre, com 2.755 unidades emplacadas e crescimento de 47% sobre o mesmo período de 2018.

Lançado no fim de 2017 com a introdução gradual de versões no mercado ao longo de meses, o novo Delivery já domina mais de 90% das vendas da linha (a cabine antiga ainda é mantida em produção). O peso-pena da família, o Express (com 3,5 toneladas pode ser considerado um comercial leve), foi um dos últimos a ser lançado, em maio de 2018, e contabiliza 23% das vendas em seu estreito segmento acima das 3 toneladas.

“Ainda esperamos mais do novo Delivery, porque quem já era cliente do modelo ficou mais satisfeito e a nova linha está atraindo novos clientes. O modelo já é uma referência em seu segmento. Por isso projetamos crescimento das vendas nos próximos meses com os sinais de aquecimento da economia que começamos a ver”, diz Alouche.

O executivo avalia que o crescimento da confiança na economia será o principal ingrediente para manter os negócios aquecidos até o fim do ano. “Tivemos um bom primeiro trimestre mesmo com algumas instabilidades. Mas o ano promete ser ainda melhor, porque após o carnaval (no início de março) já observamos um aumento nas consultas dos clientes, que estão mais confiantes em investir”, conta.

Exportações

Apesar do tombo da economia argentina que fez as exportações brasileiras de caminhões recuarem 65% no primeiro trimestre, Alouche avalia que o potencial futuro segue em alta. “Claro, tivemos quedas nos embarques porque a Argentina é o nosso maior mercado externo, mas essa situação deve melhorar e outros países aumentaram as compras, como o México, nosso segundo maior cliente no exterior”, pontua.

As exportações do novo Delivery começaram em setembro do ano passado apenas com as versões de 9 e 11 toneladas. As demais, como a Express, serão introduzidas gradualmente em outros mercados. O modelo já é exportado para sete países atualmente e até o fim de 2019 deve chegar a dez. Com isso, “tudo indica que em breve vamos atingir a expectativa de exportar de 20% a 25% dos Delivery produzidos”, projeta Alouche. Recentemente a fábrica de Resende atingiu a marca de 15 mil unidades produzidas do novo Delivery, que entrou em linha em outubro de 2017.