PSA almeja 5% do mercado no país até 2021

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Até 2021, o Grupo PSA quer voltar a ser lucrativo no país e aumentar sua participação no mercado automotivo brasileiro dos atuais 1,9%, registrados no primeiro semestre deste ano, para 5%. A estratégia para alcançar esses dois objetivos não passa por um aumento imediato do volume de vendas, disse ao Valor o presidente do grupo para o Brasil e a América Latina, Patrice Lucas.

Grupo PSA – crescimento rentável

“Estamos aqui para executar plano de crescimento rentável. Para isso, precisamos de rentabilidade unitária: reduzir os custos de fabricação, os custos fixos e estarmos certos de que estamos colocando os preços dos nossos veículos num bom nível em relação ao valor da marca. Estes são os ingredientes iniciais. O volume vem depois”, disse ontem, após o lançamento do novo utilitário esportivo compacto, o Citroen C4 Cactus.

PSA almeja 5% do mercado no país até 2021
PSA almeja 5% do mercado no país até 2021

Lançado em março na Europa, o Cactus é parte de estratégia global para ampliar participação no segmento de SUVs, um dos que mais crescem não só no Brasil mas também no exterior. Entre 2016 e 2018, a em Porto Real, na Região Sul Fluminense recebeu R$ 580 milhões em investimentos. Aderiu a novas tecnologias como a medição a laser das carrocerias finalizadas. Esta está agora entre as cinco mais modernas do grupo no mundo.

A partir da modernização, inclusive com a unificação de áreas da linha de montagem, a meta do grupo – que engloba as marcas Peugeot e Citroën – é obter ganhos de produtividade anuais de 5%. O custo de produção do Cactus e outros carros feitos aqui é superior ao da Ásia e até Europa.

“Ainda hoje não estamos competitivos fora do Mercosul”, afirmou Lucas. Estudo realizado pelo Grupo PSA indica que enviar um Peugeot 208 fabricado no Brasil para o Chile custa mil euros a mais, em termos de custos logísticos, do que trazer da Europa.

Argentina

A Argentina será o principal destino das exportações do Cactus. A unidade de Porto Real irá atender o mercado brasileiro e argentino, além de outros países latino-americanos. Há estudos para exportar Africa.

Para Lucas, a volatilidade do câmbio no país é um dos principais complicadores para o setor automotivo no Brasil. “Temos veículos com 100% de conteúdo europeu ou norte-americano. Nesses temos impacto direto da evolução do câmbio”, disse o executivo. Mesmo entre os componentes produzidos por fornecedores locais há casos em que a matéria-prima é 100% importada, afirmou.

Na América Latina, a PSA vem se mantendo rentável nos últimos três anos. “E (o resultado até agora de) 2018 indica que seremos novamente (rentáveis)”, disse referindo-se ao mercado latino-americano. No primeiros semestre, as vendas mundiais do Grupo PSA totalizaram 2,18 milhões de veículos, expansão de 38,1% na comparação com o mesmo período de 2017.

A Europa liderou o crescimento no período, com alta de 61,5% nas vendas. Na América Latina, foram vendidas de janeiro a junho 98 mil, 1,7% a mais que igual período de 2017.

Vendas no Brasil cresceram

Segundo Lucas, as vendas do primeiro trimestre no Brasil cresceram 20% em relação ao mesmo período de 2017, mas houve desaceleração nos meses subsequentes. O semestre fechou com alta de 14%. A greve dos caminhoneiros fez o grupo perder o equivalente a uma semana de produção. Em 2011, quando as vendas locais superaram 3,6 milhões de unidades, a projeção para 2018 – lembrou Lucas – era de 5 milhões de automóveis. “A realidade do mercado de 2018 é de 2,4 milhões de unidades”, afirmou, diante das incertezas políticas e econômicas.

Sobre a Argentina, Lucas acredita que a competitividade da indústria automotiva local no longo prazo depende de revisão da legislação trabalhista, acomodando jornadas de trabalho mais flexíveis. “A Argentina é um dos últimos países em que não há flexibilidade para adaptar a jornada (de trabalho) às mudanças no ritmo da economia”, disse.

A aposta num SUV compacto repleto de tecnologia para alavancar suas vendas no Brasil parece sinalizar que ficou no passado a época em que o mercado nacional era dominado por modelos básicos, quase sem opcionais. “Esse não é o futuro”, disse.